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Mostrando postagens de dezembro, 2020

A Lua

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A lua se acinzentou-se em inseguranças Vestiu-se toda nos traumas da terra Pegou pra si sentimentos humanos Por assistir a humanidade Por vestir nuvens cinzentas Por vestir medos de vidas passadas A lua se imaginou humana por um instate E teve certeza de sua humanidade poluída Agora solitária de inseguranças A lua vestia nuvens que pareciam meias E meias ideias de lua em um meio inseguro Ela trocaria seu brilho pra não mais sentir Sentimentos inexistentes pra uma lua Ela pousaria na terra e esmagaria a humanidade Mas seus sentimentos a impedia Trocaria todos os olhares e holofotes pra não sentir solidão Mas nunca pediu pra ser lua sentida Apenas lua Trocou mais uma nuvem de meias Meias, apenas meias Meias ideias Meios pensamentos Nenhum movimento voluntário A lua limitada pela gravidade das inseguranças humanas pegada pra si Cansada de meias, resolveu congelar sua existência em fases subdividas nas intensidades naturais do tempo Quem sabe o tempo

Noite seca

De cara no vinho da serra gaúcha O Trontobel Ouvino Intimidade e tentano sentir o vinho  aquelas né... Tentano sentir o cheiro do alecrim de Liniker Peticasno um amendoim, até parece luxo Talvez seja... Pego a garrafa fria do tempo e o vinho desce feito café gelado, esquentano o coração de alguém de alguém... e na mesa o cinzeiro dança com as folhas da Santa kaya Cheio das cutjias dos cigarros que pairavam feito defuntos distorcidos de podridão. Levanto em busca da lua nova, pincelada no céu como tinta neon na janela Levano a xícara transparente que substitui a taça  Com o vinho dançano, mal sabe que desce mal. Engulo um gole que enche minha boca e desce arrepiano todos os pelos possíveis e desce em meu queixo como sangue suave... interrompida pelo desejo de fogo que se encontrava no quarto Na cana ardente ao invés de uva ardentemente suave Sentida pela mão que me interrompeu preencheno toda a redondeza do meu peito, esquentano tudo, do meio pra cima voltano pro tudo. A noite previsíve

Carta para Carolina: bulimia da fome

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Carta para Carolina: bulimia da fome   Carolina, primeiramente, gostaria de falar que emocionei-me ao ler “Quarto de despejo” e ontem li o conto “Favela” que me fez ver as mulheres da minha vida em você. Atualmente estou lendo “Diária de Bitita” e agradeço por compartilhar sua escrevivência e proporcionar fortalecimentos à outras mulheres pretas e faveladas com inspirações. Partilho com você minha escrevivência inspirada em sua poesia. Essa história aconteceu três décadas depois de sua morte, num período em que o Brasil foi governado por alguém que já passou fome. Carolina, diz que a história de bulimia que se encontra aqui é um pouco diferente das bulimias que se encontram nas gerações de emissoras de TVs. Mas a televisão talvez tenha sido a principal causa deste causo, não sei. Depois tudo só desandou, conforme a dita realidade econômica de anarquistas das favelas do sertão do Ceará. O nome dela era Cafusa, como várias outras Cafusas existentes naquela época. De cabelo ruim, olhos

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Raimunda cresceu implantada em sua mente que gravidez na adolescência tinha como sinônimo catástrofe estrutural individual e familiar, já que afetaria sua família como um todo, desde uma perspectiva frustrada para um futuro de ascensão social através daquele membro jovem, com maior possibilidade de estudar e seguir um caminho diferente dos demais membros que já havia desperdiçado essa oportunidade. Isso tudo Raimunda absorveu através de sua irmã  mais velha, Rita, que engravidou aos 16 anos e se tornou mãe aos 17 anos de idade, de um homem atraente e branco que quase chegava aos quarenta, talvez aos 36.  Sua irmã parou de estudar  antes de concluir o 2º grau do ensino  médio e passou a morar com a mãe, o padrasto e os 3 outros irmãos, além de Raimunda. Na casa haviam apenas 4 cômodos e um dos quartos havia sido mobiliado pelo responsável da gravidez de Rita, que serviu durante alguns meses para eles realizarem diárias relações sexuais que era sabida em toda a casa, por falta de privaci

Ele

Ele me chamou  à barbearia para acompanhá-lo ao cortar o cabelo.  Eu realmente estava a fim de ficar em casa relaxano.  Ele me resmungou alguma coisa, insistino.  Me chamou de individualista. Perguntei o porque, mas ele só queria que eu o acompanhasse. Resolvi ficar em casa. Ele entrou em um cômodo e outro e, enfim, resolveu ir. Senti que eu deveria falar alguma coisa antes dele sair Falei: - Tchau, amor! Ele voltou pra trás antes de sair na porta, caminhou em minha direção com um sorriso metálico de menino quente, alevantano os dreads, fazendo-os subir e cair pra trás feito molas. Perguntou, parano em minha frente: - Por que você está falando isso? - Abriu um sorriso frouxo e me deu beijo afetuoso. Porque tu vai sair! - respondi. Ele andou novamente em direção a porta... - ... E vou ficar com saudade, meu preto! Ele saiu um menino sorridente lindo, quase flutuano. A porta fechou atrás.