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fronteira

Deslizo a cadeira de plástico até à varanda E com ela um barulho estressante para quem está do lado Devido o atrito dos dois pés da cadeira com a cerâmica  Em minha mão direita um cigarro  Na esquerda um capulho bolado Sento pendurando minhas pernas na proteção de ferro da varanda E acendo o cigarro olhando para a avenida barulhente, como minha mente E desfruto del Paraguay Avistando do Brasil Um privilégio dedicado também a uma proletariada como eu  Mas o privilégio de morar de frente para outro país é de poucos  Em fim acendo o capulho E a fumaça desliza em meus pulmões  Organizando minha mente  Me permitindo viajar sem sair do lugar Com vista para Cidade Del Leste  Que descansa do comércio caótico do dia Penso que tenho que aprender a falar portunhol logo E morar entre três fronteiras latinas é ideal Meu capulho já na metade  Me faz pensar que morar em Foz é ideal também para quem dá uma panca Pois é barato e verdinho Ajuda na redução de danos e na concentração O que me faz lembrar

serpente

Me encontro rastejando entre angústias  Sobre minhas escolhas Me obrigando a lembrar que tudo tem um preço Me encontro realizada em meus planos Com veneno das lembranças pingando em minhas presas Me obrigando a lembrar que para poder amar  Tive que sentir a dor da traição  Que para alcançar meu título  Tive que sacrificar o convívio com meu alicerce, minha família  Para ser respeitada tive que crescer até trocar de pele Um sonho também tem uma carga  Tanto para sonhar quanto para realizar. Nas entranhas mais escondidas de minha pele Só eu sei o que passei para rastejar até aqui  E o aqui é construído por experiências Que agora são lembranças Destacadas em um couro duro. Hoje sou uma serpente ansiã De cores opacas devido o tempo Lenta, até  Mas mais traiçoeira devido a maturidade.

herança

Carrego as violências que meus ancestrais vivenciaram escritas em cada detalhes de minhas veias Cada dor que não foram expressas em palavras Mas que foram transmitidas de geração em geração Mas que se matém por falta de palavras Por muitas vezes terem se tornado tradições

raiva

Você me faz sentir como se eu fosse uma criança agredida, desrespeitada Você invade meu espaço como um adulto insultando uma criança, praticando bullying com ela É assim que eu me sinto Sinto raiva Sinto vontade de te agredir, te chutar Desgraçado, frustrado, abusivo! Mas você é maior que eu Então eu choro. Deixei você se aproximar tanto de mim Que fiquei fraca, imobilizada Dependente, humilhada Você viu em mim um espelho dos seus sonhos fracassados Me exaltou, subiu nos meus ombros e me fez como pódio, pisando em mim Depois quis me rebaixar ao seu nível para elevar o seu Dependente de mim para se sentir por cima Me enforca para respirar.

Transmutação

Tô afogada na minha própria angústia Não sei como respirar, queria gritar Chorar pro mundo inteiro ouvir  Mas tô afogada no meu próprio silêncio Por me sentir envergonhada de pedir ajuda Vergonha de demonstrar fraqueza Receio de pedir que alguém me puxe Estou consumida por dentro Destruída Tô cansada E não sei como sair desse buraco E tudo por causa de um macho Que deveria ser meu aconchego Meu sossego Mas que acabou se tornando meu carma Estou perdida Desiludida E Destruída por dentro Uma vontade de matar Esse amor que a cada dia só se torna ódio E como Pomba-Gira matá-lo com 7 facadas encima do coração E serei sim Pomba-Gira  Mas como uma cobra, serei fria e trocarei de pele  Transmutando todo esse ódio em cura Transformando esse veneno em antídoto E vou dar o bote quando menos esperar, elegante como uma serpente.

Você

Quando eu era criança você era a mulher mais incrível do mundo Me sentia protegida e amparada, mesmo com a falta que era não ter um pai Mas até isso você fez por nós Casol com um homem, mesmo sem amor Por nós Um homem que chamei de pai Um homem com bloqueios emocionais Mas claramente de coração grande, pois assumiu as filhas de outro homem Você sempre ressaltava isso que chamavam de dádiva, de sorte, de um grande favor Como se não houvesse interesses da parte dele E você a coitada abandonada grávida Desesperada, desamparada, fragilizada  Mas sempre foi uma covarde, medrosa, vítima. Nunca foi por nós. Sempre foi por você  Tenho medo de me tornar um espelho seu. Você nunca quis encarar a realidade de frente, sozinha  E ainda chamava de sorte Cresci me sentindo na obrigação de ser grata a um homem que me violentava Que gostava de me olhar E você fechava os olhos, mãe Acorbertava as violências, por ter medo de morrer sozinha E eu te romatizei a vida toda.  Você me manipulou porque eu era u

Tratamento de silêncio

Fazem uma semana desde que nos falamos pela última vez Não por falta de tempo ou de vontade Mas orgulho mesmo Não, não é por orgulho Para mim é uma forma de não cair no seu jogo de manipulação E para você é uma forma de me controlar Você esperou eu alcançar meus sonhos do seu lado E quando alcancei, você quis me privar Quis colocar condições para que eu pudesse usufruir dos sonhos que realizei com meu suor, meu mérito Nitidamente um frustrado Me impôs um tratamento de silêncio Por me ver dependente de você Dizendo que eu é que vou perder  Claramente estou transtornada Novamente vitimisada Passivamente violentada E cansada desse papel Tudo isso me dá vontade de vomitar De me vingar De te manipular e depois te dar um pé na bunda Ser suja como você  Mas pergunto se valeria apena me tornar infeliz indo contra meus princípios, mais uma vez por sua causa  Porque já fiz isso antes, e vou dizer Não valeu apena, pois foi isso que me manteve do seu lado até agora Jogar seu jogo sujo Seu tratamen