Você

Quando eu era criança você era a mulher mais incrível do mundo
Me sentia protegida e amparada, mesmo com a falta que era não ter um pai
Mas até isso você fez por nós
Casol com um homem, mesmo sem amor
Por nós
Um homem que chamei de pai
Um homem com bloqueios emocionais
Mas claramente de coração grande, pois assumiu as filhas de outro homem
Você sempre ressaltava isso que chamavam de dádiva, de sorte, de um grande favor
Como se não houvesse interesses da parte dele
E você a coitada abandonada grávida
Desesperada, desamparada, fragilizada 
Mas sempre foi uma covarde, medrosa, vítima.
Nunca foi por nós. Sempre foi por você 
Tenho medo de me tornar um espelho seu.
Você nunca quis encarar a realidade de frente, sozinha 
E ainda chamava de sorte
Cresci me sentindo na obrigação de ser grata a um homem que me violentava
Que gostava de me olhar
E você fechava os olhos, mãe
Acorbertava as violências, por ter medo de morrer sozinha
E eu te romatizei a vida toda. 
Você me manipulou porque eu era uma criança, mas eu cresci
E hoje percebo o quão narcisista você é.
Tenho pena de você
Mas principalmente de seus frutos
Sei que provavelmente essa ilusão me salvou
Não me tornei prostituta
Apenas uma viciada em cigarro
Não namorei traficantes
Apenas Maria Joana
Como meu pai
Que não conheci pessoalmente, mas sou muito parecida
Ele depressivo suicida
Tenho medo de herdar esse lado dele.
Essa ilusão, que só foi desiludida depois de crescida
De uma forma que não sei lidar, apenas te culpar.

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