Erê

Eu tenho um erê dentro de mim
Esse erê foi impedido de crescer
Pelo sofrimento
Quando em carne ele foi abusado
Foi humilhado, sexualizado
Enquanto ele chorava e pedia socorro por dentro
Por fora, ele gargalhava e corria na chuva e pulava na lama
Sua mãe não tinha tempo de protegê-lo, até acobertava a realidade, por medo de morrer sozinha
Ah erê!
Hoje eu o sinto dentro de mim
Fazendo birra
Cobrando a presença de uma mãe e cuidados
Chora e chora de frustração
Diz que sou adulta e posso cuidar da gente 
Cobra de mim, enrolada, que o cuide e não permita que ninguém me machuque, pois ele sente gatilhos com minha dor
E esses gatilhos me acertam e choro com ele
Fico imobilizada
Ah erê!
O vejo uma menina frágil 
Com medo dos homens que o machucou 
Das mulheres que não te cuidou 
E me sinto desamparada com essa dor
É então que me vejo me forçando força 
Por você 
E pra fugir de todos que nós machucaram
Alguns momentos nos abraçamos
E seguimos nois dois
Um com o outro
Não mais sozinhos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Você

Não é pessoal

Terceira margem do riso