Dia dos finados

Dia dos finados 

As velhas  apelando aos terços
Santa Maria!
Minhas duas velhas 
E os finados.

Só lembro de um finado em minha vida
Um velho que adorava tacar seu literal cacete em quem passava em sua frente
O velho que matou um pássaro de estimação
Dizem que ele era legal, antes do disco voador.

Eu sentada em uma casa de tijolos inacabada 
Vendo o poente avermelhado depois do por do sol
O sangue da paz!

Imaginando aquelas velhas lamentando
Ouvindo um reggae
Lendo Charle Bukowski
E fumando meu único cigarro.

Todos fumam aqui
Mas ninguém nunca tem cigarros
Lamentável!

Estou num interior no meio do nada
Meu interior
E meu literal interior mental poluído desgraçado.

As vezes sou grata por as pessoas não conseguirem ler minha mente degradante
Minha mente é bacteriana, humana
Puta mente!

Mas é aqui que encontro minha paz e consigo refletir sobre minhas filosofia de revolucionária universitária.

Pobre iludida!

Sinto o cheiro de velas
De finados 
De velhas 
De família 
E penso, vou acompanhar elas e me tornar uma mulher comum e devota por alguns minutos...

Desisto e vou escrever
Acabando meu cigarro
Lembrando de algumas trepadas deliciosas e comprometedoras
Como no Pé de Tamarino
Aquelas trepadas podem acabar com meu restante de equilíbrio mental
São mesmo deliciosas.

Me chamaram para ir visitar as sobras de matéria do velho morto
Vou!
Vou transmitir meus resquícios de dignidade.

(Por: @amandakelviah / Ilustração: maria_uve_)

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