Romance de uma mulher da rua 13 de maio


Romance de uma mulher da rua 13 de maio

(CONTO)

No século XXI, quando todos aqueles pensamentos revolucionários encontravam-se no auge, a mulher da rua 13 de maio tornava-se uma mulher foda. Os pensamentos dela e sua forma de ver o mundo se transformavam. Laura agora era Feminista.
O problema iniciava quando a ela se apaixonava. Toda aquela construção em sua mente de mulher moderna começava a falhar e seus desejos eram apenas estar junta de seu amado.
O sexo para ela era primordial. Laura adorava trepar. Quando estava sem ninguém na cabeça, trepava com qualquer macho que lhe atraia com idealizações revolucionárias. O problema é que ela sempre se apaixonava por caras estúpidos que demonstravam alguma fragilidade mental.
Laura estava se preparando para sair e malhar a bunda na academia, em uma cidade próxima. Lá a estrutura era melhor!
A alguns meses atrás, ela havia se apaixonado por um macho estúpido com fragilidades mentais, consequência de traumas familiares de infância. E a paixão permeava até aquele momento.
- Eu gosto tanto, mais tanto de você, João - Dizia ela melancolicamente, em uma de suas conversas inúteis - mas suas problemáticas em não confiar nas pessoas me matam de frustração.
- Eu não queria ter me apaixonado por tu, Laura - falava ele com ar confuso - Por que tu fizeste  eu me apaixonar por ti. Eu vivia tão de boas em meu quarto tranquilo.
Recentemente havia acontecido algo de estranho com seu macho problemático. Laura estava angustiada e seu coração pulsava além da vagina. A cada fase do relacionamento, João chegava com um problema novo para estragar um momento mágico. Mas ela até gostava, no fundo. Depois da briga o sexo ficava mais intenso e isso apimentava as trepadas dos dois. Um pensamento obsceno, sabia. Dizem que amor é de deus e a paixão é do diabo, pois a paixão é movida por sofrimentos e o sofrimento causa prazer na paixão.
Já fazia uma semana que João não dava as caras e não respondia as mensagens da mulher. Ela andava angustiada, mas estava tão atarefada que conseguia distrair-se com seus afazeres. E depois, a masturbação a ajudava a aliviar seus sentimentos meio sexuais meio sentimentais.
Um certo dia, em uma tarde colorida, no seu quarto, na rua 13 de maio, Laura pegou uma bolsa e as chaves e enquanto saia pensava em qual máquina ela começaria a usar na sessão de malhação, na academia fitness. Quando abre o portão de sua pequena área, de frente ao seu quarto-sala, para sair, vira-se e seu coração dispara. Apenas um ser humano causava aquelas sensações naquele coração quase frio. Era seu macho.
- Tu tás saindo e eu chegando. Queria falar contigo.
Laura olhou para os pés e automaticamente percebeu estar sem sapatos. Ela estava de chinelos.
- João, esqueci de calçar meus sapatos. Pude perceber graças a você. Vamos, entre. Irei coloca-los e enquanto isso podemos conversar.
Ao entrarem, sentam-se. Na sala foi improvisado um quarto. Ele sentou-se parecendo desconfortável e estranhamente amigável. Ela quase tremia, sentia algo de ruim no ar.
- Como tu estas. De boas? - perguntou ele.
- Tô de boas! - respondeu ela - Por que você sumiu?
- Estou confuso, Laura. Não consigo confiar em ti, e isso está me deixando louco. Já pensei em acabar com tudo, mas gosto exageradamente de ti. Não tenho coragem.
- Estou cansada, João. Não sei mais o que fazer para você confiar em meu caráter.
- Tu és tão linda, Laura. Não consigo nem falar olhando para ti... sinto uma vontade enorme de beijar-te toda.
João levanta e a puxa, encostando-a no armário de roupas. Ele começa a beija-la selvagemente. A mulher se derrete toda, como uma boneca inflável que acabou de esvaziar-se. 
- Não consigo confiar em você, Laura. Meu deus, é horrível. Fico achando que tu andas trepando com vários machos. - Diz João excitado, justificando algo.
- Isso é um problema seu, João.
Laura sai dos braços de seu homem e senta-se novamente, agora terrivelmente fria e ilegível. João parece lutar contra um algo interno.
- Laura, tu és tão de boas. Mas tu não me transmites confiança. Sabe, a tendência é eu começar a ficar com outras mulheres.
Havia um redemoinho na cabeça de Laura que a deixou estasiada, como alucinação de doce em meio ao um caos. Neste caos tudo se perde e apenas o interior mental de uma louca se encontra. Agora tudo tudo faz sentido! 
- Você ficou com alguém não é, João?
- Bem, é... fiquei, mas...
A mulher tem uma crise de riso.
- Vivo desconfiando de ti - continua ele - e sou eu quem cometo a traição.
Ela se recompõe, apaga a luz, pega sua bolsa quase vazia e ao mesmo tempo grande. Sente seu coração congelado. Pega finalmente as chaves. Tudo parecia acontecer absurdamente lento. Seu macho não só a traiu, ele era um escroto. Agora Laura tinha um motivo para não mais ficar.
- Tu não vai mais querer ficar comigo, não é?
Laura sai de dentro de seu quarto que era sala, enquanto João vai atrás. Enquanto os dois sai silenciosamente, ela fecha o portão da área pequena, que dava acesso à rua 13 de maio.
- Você nem vai me deixar explicar?
- Tchau, João!
E então a mulher da rua 13 de maio sai para malhar a bunda. Ela já havia decidido, iria usar a máquina supino de roda.

Por: Amanda Carolina Maria de Jesus

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