À meus poemas
Tô cansada dos meus poemas Cansada da mesma ladainha À anos escrevo sobre a mesma pessoa Os mesmos abusos O mesmo encantos e desencantos Meus poemas mais parecem um grito mudo de socorro São degradantes, uma verdadeira vergonha alheia. Tô cansada dos meus poemas Cansada da monotonia sobre mim mesma À anos escrevo sobre meu espelho As mesmas sabotagens A mesma atitude de culpabilizar os outros por meus fracassos Meus poemas mais parecem um esgoto Descartados minhas fezes, um verdadeiro fedor. Tô cansada dos mesmos poemas Cansada da minha covardia À anos escrevo sobre quão me submeto a situações de abuso por medo de sair da minha zona de conforto As mesmas submissões Meus poemas mais parecem uma literatura do século xix São massivos, sempre o mesmo vitimismo.